Por Karina Michelin
O deputado militante do PT, Rui Falcão (foto) protocolou no Supremo Tribunal Federal uma representação contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, acusando-o de obstrução de justiça por articular, em Brasília, apoio a um projeto de anistia em meio ao julgamento da Ação Penal 2668, que trata dos atos de 8 de janeiro.
A peça protocolada pede medidas draconianas: apreensão de passaporte, proibição de deixar o país, restrição de contatos com investigados e até prisão preventiva caso descumpra determinações judiciais.
Na prática, o parlamentar petista exige que um governador eleito por mais de 13 milhões de votos seja tratado como um réu perigoso.
Rui Falcão não é um nome qualquer na política, foi ele quem, durante a Lava Jato, ameaçou publicamente o então juiz Sergio Moro, numa tentativa de intimidar o magistrado que investigava Lula.
Foi também ele quem declarou, no dia da prisão de Lula, que o líder petista estava “acima do bem e do mal”, não devendo se submeter às normas do Estado de Direito “como os comuns mortais”.
Além disso, Falcão presidiu o PT justamente nos períodos em que o partido esteve mergulhado nos maiores escândalos de corrupção da história do país - o Mensalão e a Lava Jato.
Embora nunca tenha sido formalmente condenado, seu nome foi citado por delatores e ele atuou como um dos principais porta-vozes da estratégia de blindagem política de Lula e do PT.
Agora, o mesmo Rui Falcão que relativizou a lei para proteger Lula exige que ela seja aplicada com todo o rigor contra um adversário. O que ontem era classificado pelo PT como “perseguição” quando atingia seus líderes, hoje é enaltecido publicamente como “justiça” quando recai sobre opositores.
O PT não apenas cometeu crimes no passado, continua a cometê-los no presente, com a chancela da toga e a certeza da impunidade.