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PT e PCC - Qual a relação?
Por Robson do Val
Publicado em 01/09/2025 07:09
Política

Por Karina Michelin

Condenado a 37 anos de prisão no mensalão, Marcos Valério (foto) revelou em delação premiada - homologada pelo ministro aposentado do STF Celso de Mello - que o PT mantinha vínculos diretos com o PCC, a maior facção criminosa do país.

Os trechos, divulgados pela Veja em 2022, resgatam um dos capítulos mais obscuros da história política brasileira.

Segundo Valério, o empresário Ronan Maria Pinto chantageou Lula para não expor um esquema clandestino de financiamento ao PT, operado com dinheiro de empresas de ônibus, transporte pirata e casas de bingo - estas últimas usadas para lavar recursos do PCC.

O delator resgatou o nome do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel - assassinado em 2002 em circunstâncias nebulosas. Segundo Valério, ele havia elaborado um dossiê com nomes de petistas financiados por recursos ilegais, mas o documento desapareceu após o crime, aprofundando as suspeitas jamais esclarecidas.

Valério acrescentou que Celso Daniel desconhecia a real dimensão do esquema, a arrecadação clandestina não se restringia à cúpula do partido. Vereadores e deputados petistas, com vínculos diretos com o PCC, também recebiam recursos ilícitos, alimentando uma rede subterrânea de poder que ia muito além da liderança partidária.

Após a morte de Celso Daniel, o PT teria promovido uma espécie de expurgo interno, afastando e expulsando vereadores e políticos que mantinham vínculos suspeitos com o crime organizado. A “limpa” teria sido uma forma de conter danos e apagar os rastros mais visíveis da conexão com o PCC.

Cumprindo pena em regime aberto e prisão domiciliar em Nova Lima (MG), Marcos Valério segue cercado de segredos. Sua delação, ao expor a conexão entre o PT e o PCC, reacende fantasmas nunca esclarecidos, como o assassinato de Celso Daniel.

Mais que operador do mensalão, tornou-se peça-chave de um enredo de corrupção, chantagem e crime organizado no coração de Brasília - cuja última página ainda não foi escrita. E enquanto Lula promete “mostrar a cara” do crime organizado, a pergunta permanece: será mesmo?

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