Empresariado, agronegócio e Centrão se alinham a Tarcísio de Freitas como nome mais viável da direita contra Lula em 2026.
Nas últimas duas semanas, os sinais, gestos e falas de praticamente todos os caciques dos partidos do centro para a direita do espectro político são claros. Nos almoços, jantares e eventos públicos e privados com banqueiros, produtores rurais e empresários no eixo Rio-São Paulo, também.
A “Faria Lima” — como é conhecido o grupamento de executivos e funcionários de bancos e fundos de investimento que se concentram na sua maioria na região da avenida paulistana de mesmo nome —, parte importante do empresariado, do agronegócio e os caciques do Centrão sinalizam ter escolhido seu candidato para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.
Só falta combinar com a família Bolsonaro e o núcleo duro de apoiadores e eleitores do ex-presidente. Apesar de oficialmente ainda buscar a reeleição estadual, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), têm se mostrado cada vez mais disposto a encarar a tarefa.
Nos bastidores do Palácio do Planalto, o presidente Lula tem dito a aliados e interlocutores próximos qual é sua visão pessoal e política sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Segundo relatos, Lula tem elogiado o perfil do ex-ministro, destacando sua habilidade de articulação e o trânsito que Tarcísio mantém com lideranças de diferentes espectros — inclusive dentro do próprio campo petista.
Lula tem citado casos em que Tarcísio demonstrou disposição ao diálogo com integrantes do governo Dilma Rousseff e, conforme interlocutores próximos ao presidente, o considera um nome com traços típicos do antigo PSDB: capaz de costurar pactos com centro, direita e até setores da esquerda institucional.
Ainda que Tarcísio esteja atualmente alinhado ao bolsonarismo, Lula tem externado que o governador paulista não representa, na prática, a linha mais dura da direita conservadora. Para o presidente, a gestão de Tarcísio em São Paulo escancara essa diferença — sendo marcada, segundo ele, por pragmatismo administrativo e contenção ideológica.
O diagnóstico político tem sido usado como “motivação certa” para defender a tese de que o momento é propício ao resgate de uma oposição que Lula considera “permitida”.
É também uma visão compartilhada por parte dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que falam em uma direita moderada, institucionalizada e previsível — como a que o PSDB representou em tempos passados.
Nos bastidores, a avaliação é de que o petismo está disposto a incentivar esse perfil de adversário, para emparedar a chamada “direita bolsonarista”, considerada imprevisível e mais difícil de lidar institucionalmente.
Apesar do discurso público de rivalidade com Tarcísio, Lula teria confidenciado que, politicamente, o governador é hoje o melhor tipo de opositor. Ainda que, de certo modo, ele seja competitivo, é considerado contornável. Inclusive, o presidente acredita que seria capaz de derrotá-lo em uma eventual disputa nacional.
E mesmo numa hipótese de derrota, avalia que seria uma transição para uma direita ‘domesticada’, distante do que enquadram como radicalismo em enfrentamentos diretos nos últimos pleitos municiais e nacionais.
Conexão Política/Gazeta do Povo