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Crepúsculo de um tiranete - Cada vez mais isolado
Publicado em 06/08/2025 07:10
Política

Nos bastidores do Supremo Tribunal Federal, o compasso deixou de ser de consenso. A decisão de Alexandre de Moraes de decretar prisão domiciliar contra Jair Bolsonaro (PL) teria surpreendido os magistrados pela dimensão e, com isso, exposto uma ação incomum dentro da Corte: o isolamento do relator.

A leitura dominante entre os pares é de que Moraes atravessou uma linha tênue. Até mesmo magistrados da Primeira Turma, que julgará o caso, sinalizaram incômodo com a condução. Não se trata apenas de divergência técnica, mas de cálculo político e de percepção institucional.

A ordem de prisão, segundo relatos ouvidos pela Folha de S.Paulo, gerou avaliação unânime: é frágil no mérito jurídico, intempestiva no campo político e corrosiva para a imagem do Supremo, sobretudo num momento em que a Corte já se vê pressionada por agentes externos — inclusive por sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos via Lei Global Magnitsky.

O peso da medida que motivou a prisão é tratado com ceticismo por parte dos ministros. Moraes, que antes autorizara Bolsonaro a participar de eventos e fazer discursos, decidiu aplicar a prisão domiciliar após uma curta fala por telefone durante um ato público transmitido ao vivo por Flávio Bolsonaro.

Na ocasião, o ex-presidente se limitou a dizer: “Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos”.

Para interlocutores do STF, a fala, apenas, não sustenta a reversão da decisão anterior. E mais: coloca o Supremo no epicentro de um embate político que deveria estar sendo enfrentado no campo do Executivo e do Legislativo.

O desconforto também prevalece fora da Corte. Em poucos dias, editoriais críticos, colunas duras e manifestações de representantes do setor econômico deram o tom da reação. A Corte, antes poupada, virou alvo.

A avaliação interna é de que Moraes assumiu o risco político de uma decisão solitária. Agora, com a efetividade da ação, expôs todo o tribunal. Para os ministros, ainda conforme a Folha, não há ganho estratégico nem institucional em uma sacudida judicial neste momento.

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