Por Karina Michelin
Segunda-feira, 4 de agosto, às 9h da manhã, a militante Daniela Lima foi avisada de que não entraria no ar - e de que estava demitida. Eliane Cantanhêde e Mauro Paulino receberam o mesmo recado.
A emissora que, por anos, sustentou um jornalismo de gabinete, militante e cúmplice do poder, agora alega “renovação de quadro”. Mas essa desculpa não engana nem o estagiário.
Por trás dessas demissões há um nome que resume tudo: Alexandre de Moraes.
A proximidade dos três com o núcleo do STF - especialmente Daniela, que chegou a defender ministros ao vivo com um entusiasmo quase pessoal - tornou-se insustentável. Com o ministro agora sob sanções internacionais e ameaças reais de bloqueios a quem tentar colaborar com o sancionado, a Globo resolveu agir.
A emissora mantém estrutura nos Estados Unidos, acordos com a Telemundo, contas bancárias e investimentos internacionais. Tudo isso pode virar pó se a Globo for enquadrada pela Lei Magnitsky, que não pune apenas os violadores diretos de direitos humanos, mas também seus cúmplices, facilitadores e veículos de propaganda.
O risco aqui não é político. É jurídico, financeiro e global.
A emissora que perseguiu opositores, blindou ministros, censurou vozes dissidentes e relativizou abusos de poder agora descobre, com amargura, o preço de ter lado. Com a corda no pescoço, a Globo não demitiu jornalistas - descartou operadores políticos. Gente que não apenas reportava, mas militava descaradamente a favor do sistema que hoje apodrece sob denúncias e sanções.
Assim funciona o regime: até os militantes mais fiéis são cuspidos para preservar o sistema.
A GloboNews começa, enfim, a limpar a casa - mas não para “renovação”, mas sim para não se tornar alvo de sanções.