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Eles não aprendem - Aiatolá redobra a ameaça
Por Robson do Val
Publicado em 01/07/2025 11:22
Internacional

Por Karina Michelin

O grande Aiatolá Naser Makarem Shirazi, uma das figuras mais influentes do clero xiita iraniano, emitiu neste sábado, 28 de junho, uma fatwa declarando o presidente Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, como “inimigos de Deus” - o termo islâmico “mohareb”, reservado a aqueles que supostamente guerreiam contra Allah.

A declaração religiosa, com profundo peso simbólico e político dentro do Irã e do mundo muçulmano, foi acompanhada de um chamado a todos os muçulmanos do mundo: “Eles devem pagar pelos seus erros. Qualquer um que agir para fazê-los lamentar, mesmo que perca sua vida, será recompensado por Allah como mártir”, afirmou o aiatolá, em pronunciamento oficial publicado pela agência semioficial Tasnim.

Makarem Shirazi, conhecido por sua postura linha-dura, justificou a fatwa ao acusar Trump e Netanyahu de ameaçarem diretamente a liderança suprema iraniana - atualmente exercida pelo aiatolá Ali Khamenei. “Aqueles que conspiram contra o Wali al-Faqih (Guia Supremo) estão em guerra contra Deus”, declarou.

Embora a fatwa não tenha força de lei fora do Irã, sua repercussão é profunda entre segmentos radicais do Islã xiita. Historicamente, decisões como essa já serviram de base para perseguições e atentados em solo estrangeiro, como no caso do escritor Salman Rushdie.

Nos bastidores diplomáticos, cresce a preocupação de que a fatwa funcione como um selo religioso para a legitimação de futuros atentados. Agências de inteligência ocidentais já tratam o decreto como uma “autorização indireta para o assassinato político”.

A fatwa de Makarem Shirazi reacende o fantasma das guerras santas travadas por motivação teológica. No léxico jurídico islâmico, ser classificado como “mohareb” é uma das mais graves acusações possíveis, prevista inclusive na Constituição iraniana como passível de pena capital.

Especialistas alertam que o decreto pode funcionar como catalisador para ações de lobos solitários ou grupos jihadistas. Washington ainda não emitiu resposta oficial.

Ao rotular Trump como “inimigo de Deus”, o Irã joga gasolina sobre um cenário já à beira da combustão total.

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