Por Karina Michelin
Nesta quarta-feira, 25 de junho, em uma corte federal de Manhattan, o ex-chefe de inteligência militar da Venezuela, Hugo “El Pollo” Carvajal, deixou de ser apenas um réu em um processo rumoroso de narcotráfico internacional. Ele se tornou, oficialmente, um homem culpado - por boca própria.
Na audiência conhecida como plea hearing, Carvajal se declarou formalmente culpado de participar de uma complexa conspiração de narcoterrorismo em colaboração com as FARC, admitindo ainda o envio de grandes remessas de cocaína aos Estados Unidos.
Com isso, renunciou ao julgamento por júri e selou um acordo com a promotoria, abrindo mão da tentativa de inocência em troca de uma provável redução de pena e, muito possivelmente, por sua disposição em colaborar com as autoridades americanas.
O caso agora caminha para a fase de sentença, agendada para outubro de 2025. Até lá, cresce a expectativa - e a tensão - sobre o que mais Carvajal pode revelar.
O que torna esse episódio ainda mais explosivo não é apenas o envolvimento direto do regime chavista com narcotraficantes. É o histórico de depoimentos prestados por Carvajal à justiça espanhola antes de sua extradição aos EUA, nos quais ele acusou nominalmente líderes latino-americanos de terem recebido dinheiro sujo do chavismo - entre eles, Lula da Silva.
Segundo reportagens publicadas por veículos como OK Diario e ABC, Carvajal descreveu um sistema sistemático de envio de recursos ilegais do governo venezuelano a campanhas políticas de esquerda na América Latina, com malas diplomáticas carregadas de dinheiro circulando para financiar nomes como Lula, Cristina Kirchner e Evo Morales.
Embora as cortes americanas ainda não tenham tornado públicas as transcrições da confissão feita nesta quarta-feira, a pergunta que paira é inevitável: o que Carvajal está entregando aos promotores americanos em troca de clemência?
Carvajal não é qualquer delator. Ele foi o cérebro da inteligência bolivariana, o homem que sabia tudo: do narcotráfico ao financiamento político, das FARC aos aliados do Foro de São Paulo. Agora, ele não apenas confessou - ele deverá abrir a caixa de Pandora.