Por Karina Michelin
O recente episódio de ataques violentos à família de Roberto Justus e Ana Paula Siebert, motivado por uma simples foto ao lado da filha Vicky, expõe com nitidez a degradação moral e intelectual que tomou conta de setores da militância identitária do Brasil.
Uma imagem singela - que transmite afeto, leveza e normalidade familiar - foi transformada em combustível para uma campanha abjeta de ódio, insultos e ameaças de morte. Isso não é militância, é perversão pura. É o retrato de uma cultura política doente, onde beleza, sucesso e felicidade se tornaram ofensas imperdoáveis.
Transformar uma criança de cinco anos - com sua bolsinha - em símbolo de “opressão” é monstruoso. Nenhuma causa que se diga social pode ser legítima quando instrumentaliza a inocência de uma menor de idade para justificar linchamentos virtuais e ataques covardes.
A esquerda que prega “empatia e inclusão”, quando confrontada com uma família que foge da cartilha do vitimismo compulsório, revela sua verdadeira natureza: destrutiva, invejosa e moralmente podre.
Este caso não é sobre desigualdade, é sobre decadência ideológica. É sobre a banalização do mal - essa maldade fria, racionalizada, travestida de justiça social. Não se busca elevar os marginalizados, mas arrastar todos para a mesma lama.
O objetivo não é corrigir injustiças, mas sufocar qualquer vestígio de beleza, plenitude e liberdade que escape do controle da militância.
O mais grave é que esse delírio coletivo ultrapassou os limites do anonimato digital. Um professor universitário, pago com dinheiro público, desejou a guilhotina para uma criança de cinco anos.
Não é um militante qualquer do Twitter. É professor titular da UFRJ e ex-secretário do governo Lula. Eis aí o nível de desumanização ao qual chegamos.
O Brasil precisa urgentemente se reconectar com os valores elementares que sustentam uma sociedade decente.
À família Justus, nossa solidariedade; à cultura do ódio, nosso mais veemente repúdio. E àqueles que a alimentam em nome de causas supostamente nobres, fica o recado: não há virtude no ódio - há apenas trevas.