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Gastos públicos - A fonte secou
Publicado em 25/09/2025 10:58
Economia

O governo Lula 3 já admite que, a partir de 2027, pode faltar dinheiro para serviços básicos como saúde, educação e segurança pública. O motivo é que quase todo o orçamento estará comprometido com aposentadorias, pagamento de dívidas e juros. Isso deixa pouco ou nenhum espaço para o investimento em áreas essenciais e serviços básicos.

Por um lado, os números oficiais tentam transmitir uma sensação de estabilidade, criando uma espécie de realidade paralela para mostrar ao mercado e ao mundo que está tudo bem.

A taxa de desemprego, segundo o IBGE, caiu para 5,6%, o menor índice da série histórica. A inflação acumulada em 12 meses gira em torno de 5%, dentro de uma meta considerada aceitável.

Os dados, apesar disso, não retratam o que a população sente no dia a dia. Muitos trabalhadores estão empregados em funções informais, precárias e mal remuneradas. Além disso, houve um aumento considerável nos programas sociais, como o Bolsa Família.

E, apesar do índice ‘controlado’ de inflação, o preço de itens básicos como alimentos, energia e transporte tem pesado cada vez mais no bolso.

A realidade traz algo muito pior: mais de 71 milhões de brasileiros estão inadimplentes, quase metade da população adulta. Entre as empresas, o caos também preocupa.

Em 2024, foram registrados 2.273 pedidos de recuperação judicial, o maior número da série histórica e um aumento de mais de 60% em relação ao ano anterior. Em 2025, o ritmo continua elevado, com milhares de negócios tentando sobreviver em meio a juros altos, aumento de impostos e queda no consumo.

Enquanto isso, a dívida pública segue subindo quase que exponencialmente. Já são mais de 79% do PIB comprometidos, e o déficit nominal para 2025 pode se aproximar de R$ 1 trilhão. A combinação é explosiva: juros altíssimos, arrecadação em queda, empresas quebrando e famílias endividadas.

A comparação com a crise da era Dilma é inevitável. Naquele período, os déficits aceleraram, estatais foram usadas para manipular preços e a confiança no governo despencou, levando à recessão de 2014 a 2016. Agora, o governo, sem espaço fiscal, corre o risco de não conseguir manter sequer a máquina pública funcionando.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta quarta-feira (24) a tributação de investimentos prevista em uma Medida Provisória que está sendo discutida no Congresso Nacional. A proposta inclui a cobrança de impostos sobre as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA).

Segundo ele, a decisão de desonerar a carne, no âmbito da reforma tributária sobre o consumo, aprovada em 2024, contou com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo Haddad, a medida é necessária para “fechar as contas” do Orçamento de 2026 sem a necessidade de cortes em programas sociais ou emendas parlamentares, preservando, inclusive, o próprio setor do agronegócio.

Em audiência pública na Comissão de Agricultura e Pecuária da Câmara dos Deputados, o ministro também comentou os efeitos esperados da regulamentação da reforma tributária.

Ele afirmou que a mudança trará benefícios à população em geral, ressaltando que até mesmo pessoas de maior renda pagarão menos por produtos como a carne, em razão da desoneração da cesta básica.

Sobre a Medida Provisória, Haddad argumentou que ela busca corrigir distorções no mercado financeiro, já que a isenção atual tem levado investidores a priorizar LCI e LCA em vez de outros títulos, sem que o benefício chegue de forma efetiva ao produtor rural ou à construção civil.

O relatório apresentado na terça-feira prevê a taxação de 7,5% no Imposto de Renda para pessoas físicas que aplicarem nesses papéis, substituindo a cobrança do IOF.

O ministro também respondeu a questionamentos sobre o não alongamento do prazo de pagamento das dívidas de produtores rurais do Rio Grande do Sul, que sofreram com enchentes no ano passado.

Haddad explicou que, no início desta semana, o Conselho Monetário Nacional (CMN) criou uma nova linha de crédito para agricultores afetados por eventos climáticos.

Fonte: Conexão Política

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